O G20 está buscando utilizar o debate diplomático como uma ferramenta para ampliar o uso de biocombustíveis

O Brasil ocupa o segundo lugar como maior produtor mundial de biocombustíveis

Wyss Notícias

2/27/20243 min ler

O Grupo dos 20 (G20), formado pelas principais economias globais, oferece ao Brasil a oportunidade de agir como uma ponte entre nações ricas e em desenvolvimento, promovendo biocombustíveis para impulsionar a transição energética e combater as mudanças climáticas.

O G20 é composto por 19 países - África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia - e dois órgãos regionais, a União Africana e a União Europeia.

Os integrantes do grupo representam cerca de 85% da economia mundial, mais de 75% do comércio global e cerca de dois terços da população mundial. Essa diversidade de participantes reflete os diferentes estágios de desenvolvimento e interesses, desde as economias avançadas até as nações em desenvolvimento.

No contexto da crise climática e da transição energética, o G20 desempenha um papel significativo ao proporcionar um fórum para discutir e promover soluções inovadoras, como os biocombustíveis. O Brasil, como uma potência em biocombustíveis, tem uma oportunidade única de liderar essa discussão e impulsionar iniciativas que promovam o uso sustentável dessas fontes de energia.

Além disso, a presidência brasileira no G20 oferece uma plataforma para abordar questões críticas relacionadas ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável. Isso inclui não apenas a promoção de biocombustíveis, mas também a discussão sobre políticas de conservação ambiental, mitigação de emissões de carbono e adaptação às mudanças climáticas.

Secretário do Clima, Energia e Meio Ambiente, Ministério das Relações Exteriores do Brasil, André Corrêa do Lago - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

A utilização de canais diplomáticos do G20 para mitigar o aquecimento global foi tema do seminário Os Países do G20 e a Diplomacia dos Biocombustíveis, realizado nesta sexta-feira (23), no Palácio da Cidade, sede da prefeitura do Rio de Janeiro. O evento é uma parceria entre a prefeitura e o Columbia Global Centers - Centro de Política Energética Global da Universidade de Columbia, de Nova York. O seminário aconteceu na esteira do encontro de ministros de Relações Exteriores do G20, que terminou na quinta-feira (22), no Rio de Janeiro.

Além dos esforços governamentais, o setor privado e as instituições financeiras desempenham um papel fundamental na promoção de investimentos em biocombustíveis. Iniciativas como o BNDES Inovação demonstram o compromisso do setor financeiro em financiar projetos de energia limpa e sustentável.

O diretor de Transição Energética da Petrobras, Mauricio Tolmasquim, detalhou no seminário que a estatal espera alocar, nos próximos 5 anos, US$ 11,5 bilhões (equivalente a cerca de R$ 58 milhões) em investimentos em biocombustíveis, incluindo produção de energia limpa, biorefino, pesquisa e mitigação de emissão de CO2 na operação da empresa.

O presidente do Comitê Rio G20, Lucas Padilha, coordenador executivo de Relações Internacionais da Prefeitura do Rio de Janeiro, defendeu que o fórum de países seja uma forma de enviar recados do Sul Global para as grandes potências.

“Problema é solução e solução não pode ser um problema. Este é um recado para o Norte Global”, defendeu.

Lucas apresentou uma iniciativa em que a prefeitura faz leilão para adquirir energia elétrica mais barata e de fonte limpa para abastecer prédios públicos. O programa será expandido para hospitais e escolas, e a prefeitura estima uma economia de R$ 115 milhões em 5 anos.“Ao fazer isso, você está economizando o recurso público, diminuindo as emissões, e com esse recurso pode financiar adaptação [às mudanças climáticas]”, explicou Padilha.

“Se a gente conseguir mitigar para adaptar, ganha um peso moral no debate diplomático”.

Fonte: Agência Brasil e Wyss

Tolmasquim disse que a Petrobras está em um processo de passar de empresa de petróleo para empresa de energia, à medida que estão sendo incluídos no portfólio produtos de fontes renováveis. “Como a eólica onshore [em terra], solar onshore, biocombustíveis. No futuro a gente espera o hidrogênio verde, serviço de captura de CO². Todas essas ações estão colocando a Petrobras na trilha da transição energética”, afirmou.