Google revoluciona a computação quântica com máquina 241 milhões de vezes mais veloz que a de 2019

A gigante tecnológica apresentou uma nova máquina experimental que pode realizar cálculos inalcançáveis para supercomputadores tradicionais.

Wyss Notícias

12/11/20244 min ler

A computação quântica, uma área emergente da ciência e tecnologia, deu um passo revolucionário com o recente anúncio do Google. A gigante da tecnologia revelou um computador quântico experimental que, segundo seus pesquisadores, supera drasticamente a capacidade de supercomputadores tradicionais. Em um teste que serve para medir os avanços na computação quântica, a nova máquina foi capaz de resolver em menos de cinco minutos um cálculo que os melhores supercomputadores do mundo levariam mais de 10 septilhões de anos para concluir. Para contextualizar, esse período é maior do que a idade do universo conhecido.

Esse salto tecnológico é possibilitado por um chip inovador chamado Willow, que se baseia no uso de "qubits" — unidades básicas de informação quântica que operam de maneira completamente diferente dos bits tradicionais. Enquanto bits convencionais armazenam dados em estados binários (0 ou 1), qubits conseguem representar múltiplos estados simultaneamente graças aos fenômenos únicos da mecânica quântica. Essa característica permite que os computadores quânticos processem informações de maneira exponencialmente mais eficiente.

Retrospectiva e avanços desde 2019

O Google já havia chamado a atenção em 2019, quando afirmou ter alcançado a chamada "supremacia quântica" com uma máquina capaz de realizar tarefas inalcançáveis para supercomputadores comuns. Apesar da controvérsia entre cientistas e da evolução subsequente dos supercomputadores tradicionais, que chegaram a equiparar algumas capacidades dos quânticos, o anúncio mais recente eleva o patamar da disputa.

Diferentemente do primeiro protótipo, a nova máquina do Google emprega técnicas avançadas de correção de erros, um dos maiores desafios da computação quântica. Essas técnicas reduzem significativamente a probabilidade de falhas durante os cálculos, aproximando a tecnologia de um estágio prático. Em um artigo publicado na revista científica Nature, o Google revelou que seu sistema atingiu o “limiar de correção de erros”, um marco que pode abrir caminho para a aplicação da computação quântica em problemas reais.

Potencial transformador da tecnologia

Embora ainda experimental, a computação quântica é vista como uma revolução em gestação, com potencial para transformar diversos setores. Entre as áreas mais promissoras estão a descoberta de novos medicamentos, a otimização de sistemas de inteligência artificial, o avanço de materiais inovadores e até a quebra de sistemas de criptografia que hoje garantem a segurança digital. Especialistas acreditam que, no futuro, os computadores quânticos poderão resolver problemas que levariam bilhões de anos para serem solucionados por máquinas tradicionais.

John Preskill, um dos maiores especialistas no campo, ressalta que a expectativa é que essa tecnologia impacte diretamente o dia a dia das pessoas. “O que queremos é que esses computadores realizem aplicações práticas que sejam úteis para a sociedade. Embora isso ainda possa demorar décadas, o impacto será inevitável”, afirmou o físico teórico do Instituto de Tecnologia da Califórnia.

Competição global pela supremacia quântica

Além do progresso técnico, o avanço do Google reflete uma corrida global pela liderança na computação quântica. Empresas como IBM, Intel e Microsoft também investem pesado nesse setor, enquanto governos, como o da China, destinam bilhões de dólares para o desenvolvimento de tecnologias quânticas. A disputa não é apenas científica; ela carrega implicações estratégicas e econômicas que podem moldar o equilíbrio de poder global no futuro.

Nos Estados Unidos, a liderança na pesquisa quântica é impulsionada principalmente por grandes corporações e startups. Já a China aposta em investimentos governamentais, com mais de 15 bilhões de dólares injetados em projetos relacionados. Essa corrida ressalta a importância de dominar a computação quântica como ferramenta de inovação tecnológica e de segurança nacional.

Desafios e o caminho à frente

Apesar dos avanços, muitos desafios permanecem. A construção de máquinas quânticas ainda enfrenta problemas significativos de escala e estabilidade, além de altos custos. Os qubits são extremamente sensíveis a interferências externas, o que exige ambientes controlados com temperaturas próximas ao zero absoluto. Resolver essas questões será crucial para a popularização da tecnologia.

Segundo Mikhail Lukin, professor de física em Harvard e cofundador da startup QuEra, o progresso recente dissipou dúvidas sobre o futuro da computação quântica. “Há poucos anos, muitos líderes no campo duvidavam que seria possível construir máquinas quânticas práticas. Hoje, já não há mais dúvida de que isso acontecerá. A questão agora é quando veremos isso se tornar uma realidade”, concluiu.

A jornada rumo a computadores quânticos plenamente funcionais ainda pode levar anos ou até décadas. Mas os avanços do Google e de outros players indicam que estamos cada vez mais próximos de um futuro onde a computação quântica deixe de ser um conceito teórico e se torne uma ferramenta indispensável para a humanidade.

Fonte: Nature e The New York Times