Crianças de Seis Anos na China Já Têm Aulas de IA para Formar a Próxima Geração de Líderes Tecnológicos

A introdução da inteligência artificial no ensino fundamental na China, com aulas para crianças a partir dos seis anos, faz parte da estratégia do país para se consolidar como líder global em IA. Estônia, Canadá e Coreia do Sul, também incorporam IA aos currículos escolares, impulsionando a corrida global pela inovação na educação.

Wyss Notícias

3/20/20253 min ler

A China tem uma nova arma secreta na corrida global da inteligência artificial: crianças do ensino fundamental. Pequim está treinando sua próxima geração de CEOs de tecnologia antes mesmo de saírem do recreio.

A partir deste semestre de 2025, escolas primárias e secundárias de Pequim oferecerão pelo menos oito horas anuais de aulas de IA, com alunos a partir dos seis anos aprendendo a usar chatbots e outras ferramentas, além de noções gerais sobre a tecnologia e ética na IA.

Em um comunicado recente, a Comissão Municipal de Educação de Pequim informou que as escolas podem integrar os cursos a disciplinas como tecnologia da informação ou ciências, ou ministrá-los separadamente. O plano inclui a criação de um currículo plurianual de IA, a construção de um sistema geral de educação e treinamento, a implementação de um sistema de suporte e a promoção do estudo da tecnologia.

A capital chinesa espera que essa formação fortaleça o país na disputa pela liderança em IA, especialmente após a entrada impactante da DeepSeek no setor. Os esforços já estão em andamento: em dezembro passado, o Ministério da Educação da China anunciou a seleção de 184 escolas para testar modelos e programas-piloto de ensino de IA, que servirão como base para uma adoção mais ampla. O ministro Huai Jinpeng destacou que a IA é a “chave de ouro” para o sistema educacional do país.

As escolas de Pequim podem estar tentando replicar o sucesso da Universidade de Zhejiang, em Hangzhou, onde se formaram dois dos mais proeminentes líderes tecnológicos da China: Liang Wenfeng, da DeepSeek, e Wang Xingxing, da Unitree. Ao introduzir o ensino de IA desde a infância, a capital chinesa busca impulsionar a inovação—caso consiga acompanhar o ritmo de outros países que também estão incorporando IA aos currículos escolares.

Esforços internacionais para treinar estudantes na corrida global da IA

A China não é o único país a levar IA para as salas de aula.

No mês passado, o governo da Estônia anunciou uma parceria com a OpenAI para fornecer o ChatGPT Edu—versão personalizada para educação—para alunos do ensino médio e professores. O programa será implementado entre os estudantes do 10º e 11º anos a partir de setembro e incluirá suporte técnico, otimização de tarefas administrativas, auxílio nos estudos e planejamento de aulas.

“Estamos iniciando um novo capítulo no desenvolvimento do nosso sistema educacional e da sociedade digital”, declarou o presidente da Estônia, Alar Karis. “A inteligência artificial mudou o mundo de forma permanente, e o sistema educacional, como todos os setores, deve se adaptar a essas mudanças.”

Outros países, como Canadá e Coreia do Sul, também integraram IA ao ensino básico, com o uso de livros digitais interativos e programas para que professores apliquem a tecnologia em sala de aula. No Reino Unido, uma escola particular criou, no ano passado, uma sala de aula sem professores, onde cerca de 20 alunos usam óculos de realidade virtual e plataformas de IA para aprender sem a necessidade de instrutores humanos. Nos EUA, a McGraw Hill lançou em 2024 duas ferramentas de IA generativa para salas de aula: o AI Reader, para marcação de livros digitais, e o Writing Assistant, para dar feedback específico no processo de escrita.

Apesar das transformações que a IA pode trazer para a educação, especialistas alertam para os riscos do uso excessivo da tecnologia. Ferramentas avançadas podem funcionar como tutores pessoais acessíveis em qualquer dispositivo, mas também apresentam desafios. As Nações Unidas destacam a importância de garantir a segurança infantil com o uso de IA inclusiva, diretrizes claras e um ensino centrado na humanidade. O setor educacional também reforça essa preocupação.

“Nossos níveis de confiança na marca são tão altos que o maior risco não é avançar devagar demais com a IA, e sim avançar rápido demais”, afirmou Dylan Arena, diretor de ciência de dados e IA da McGraw Hill.

Fonte: Fortune e CGTN